Rafael Ribeiro – Nas fotografias abordadas, me identifiquei com o pastel de carne e a criança no rio. A culinária é algo que me afeta o instinto, me reconecta com sensações outrora vivida, é como se sabores me transportasse para um outro tempo. Comidas como canjica, arroz doce, me conecta com o chão da casa da minha avó. Já o menino no rio me coloca a minha origem amarrada a minha cidade. Onde moro tem o encontro de dois grandes rios, e a história da minha cidade é marcada entre amor e ódio com os mesmos, já que são importantes, vinculados ao nosso início enquanto cidade, bem como responsáveis por grandes tragédias. Além que a minha geração teve oportunidade de passar boa parte do tempo sendo banhado por águas límpidas desses rios.
Wélida Benita Araújo – Patrimônio cultural para mim é também AFETO e identidade. Entre as imagens algumas estão sim relacionadas a minha referência; festas como as festas da congada com seus ‘ternos de roupas brilhantes, batuque da caixa e do pandeiro, as ruas enfeitadas para a passagem dos ‘cortes’ e da procissão santa’, as festas de exposição agropecuária (sim, venho de uma cidade rural/agrária – que surgiu do comércio do gado) onde o gado era exposto, desfiles alegóricos com os carros das fazendas, eleições das amazonas, das oficinas do campo. Do carnaval do interior de Minas com os bloquinhos de rua. Patrimônio é(ra) o bordado da Dona Nicinha, que juntava a meninada no salão paroquial para nos ensinar a bordar o ponto cruz e o ponto atrás e nos contava inúmeras histórias. Dos festivais de música e das gincanas do bairro onde todos se divertiam.
Valdeci Pires de Oliveira – Comer pastel e tomar garapa (caldo de cana) na feira aos sábados. As brincadeiras na adolescência na rua (bet, salva bandeirinha, passar anel, cair no poço, barra manteiga, rico e pobre de marre de si). Fogueiras de São João, as barraquinhas e folia de reis.
Eva de Fátima Santana – Eu me identifiquei com a roda de capoeira, piquenique no campo, futebol em campinhos de terra, banho no rio, festa junina. Passeios na casa de vizinhos, bailes ao som de sanfona, Folia de Reis, serenatas em dias de lua cheia, ouvir casos dos pais à noite sentada no fogão à lenha.
Stênia Joyce Bruno – O pandeiro, mas citei samba. E o carnaval, que amo de paixão! Folia de reis, as festas religiosas da minha cidade, e da comunidade rural onde minha mãe nasceu e minha família tem um sítio. Feira livre de Piripá, cidade que meu pai nasceu, e que frequentei por toda minha infância. As paisagens da cidade que fui criada, e que vivo atualmente.
Ana Laura Pompe – Quanta memória que vem na cabeça… O pastel da feira da manhã é o que mais me representa e o que mais tenho contato até hoje. Inclusive na pandemia, pego meu pastel e levo pra comer em casa, que saudade de socializar, bater papo com as senhorinhas com a bolsa cheia de verdura, com o cara da cana de açúcar, com qualquer um que decida contar uma prosa no meio da rua de manhazinha entre uma barraca e outra. Me lembro muito da minha infância que cozinhava os mais diversos e multicoloridos pratos no terreno baldio, todos com o mesmo gosto de barro e babosa que colhíamos pra passar pelo corpo. Entrava num carrinho de obras, aquele de levar ferramentas e materiais de construção e parecia um legítimo carro da fórmula 1…. Ah também tem a foto da festa junina! Ô festinha boa demais! Tempo de comemorar a fartura, a colheita, os santos, arranjar namorado, dançar forró, pular fogueira, comer as mais diversas comidas que vem do milho e do amendoim! Meu coração chega apertar de tanta vontade de estar perdida na multidão de bandeirinhas coloridas.
Acho que eu colocaria as escaladas intermináveis nos pés de manga, o carrinho de rolimã, o bets, as árvores frutíferas e as plantas de poder no quintal das senhorinhas benzedeiras. Já fui curada de olho lacrimejando, de hérnia no umbigo e de todo tipo de má sorte com minha avó. Ela não falava que era benzedeira, mas que curava, curava! Elas são parte muito importante da cultura desse Brasil.
Fernanda Fonseca – Ancestralidade, Memória Afetiva, Identidade Coletiva, Oralidade. Me identifico na culinária e nas expressões de linguagem de minha cidade como as palavras “cabrunco, tisgo, siminino”. As festividades religiosas centenárias. Isso que representa patrimônio cultural para mim.